Nuno, como tem
sido o feedback a este vosso último álbum?
Tem sido muito bom, nós propusemos a fazer uma
digressão perto de 30 datas por teatros portugueses e auditórios e correu muito
bem. 95% dos teatros foram, estiveram esgotados, as pessoas ao princípio,
estranham um pouco porque nesta digressão de apresentação do disco nós tocámos
apenas e só canções do disco. Não houve qualquer tipo de precedência, era um
concerto com um coro, clássico, é um disco específico, um disco especial, um
disco diferente daquilo que os The Gift fizeram até à altura. Mas a verdade é
que a primeira edição já esgotou, quer em loja, quer à porta dos espetáculos,
os discos venderam-se todos. E felizmente continuamos a marcar, continuamos a
marcar concertos, best discos especificamente, não só em Portugal, como também
já fora. Vamos a Madrid apresentar esse próprio disco no dia 5 de agosto, a um
dos maiores festivais de música clássica na vizinha Espanha, portanto, melhor é
impossível.
Este é um álbum
diferente, há muito tempo que tinham vontade de fazer este disco? A pandemia
teve alguma influência também no lançamento deste álbum?
Teve alguma, quer
dizer, nós fomos fazendo coisas, cada um no seu sítio, eu e a Sónia, fomos
fazendo coisas... Já não sabíamos bem para o que era. Eu depois, já depois da
pandemia, vou ver um concerto de música coral, que eu gosto particularmente de
música clássica e música mais erudita, fui ver uma peça do John Cage à Casa da
Música do Porto, que me tocou muito e eu propus à Sónia e propus ao Chico,
precisamente isso, e que tal nós levássemos estas composições que fizemos
entretanto, na pandemia, para este universo. E depois começámos a perceber que
tínhamos muita coisa escrita em português, portanto o disco é quase todo
cantado em português, só tem duas músicas cantadas em inglês, e isso casa muito
bem com esta melancolia e esta força das vozes, das 48 vozes a cantarem em
arranjos corais. E portanto foi assim que se desenhou mais ou menos o disco,
mas sim, a base e a gênese vem da pandemia, sem dúvida.
Em alguma altura
tiveram receio da reação do público a este vosso novo trabalho?
Sempre. Eu acho que
quem não tem medo não arrisca, não é? Mas também quem não arrisca não petisca.
Nós sempre fomos uma banda que arriscou, nós nunca nos focámos apenas e só numa
estrada, nunca repetimos fórmulas que num passado tivessem funcionado, por isso
é que os guitarristas continuam ao final de quase 30 anos de idade a tocar para
praças cheias, para teatros cheios. Por um lado temos um vasto universo musical
que as pessoas conhecem, felizmente há 10, 15 canções que fazem parte da vida
das pessoas, umas mais conhecidas que outras, mas todas elas num concerto
normal onde as pessoas conhecem. E depois temos também este lado de poder
chegar a um teatro e apresentar um espetáculo completamente novo, sem nada
conhecido, e no final o teatro estar a aplaudir de pé. Portanto, esta ideia de
por um lado conjugar um passado e uma história que já temos com o público
português, e por outro lado tentar conquistar através do novo. Isso acho que é
o melhor dos dois mundos para quem faz música. Por um lado ter um universo
confortável, cómodo e conhecido e por outro lado ter o novo e o arriscar como
diapasão também.
Os concertos
deste verão são fora da digressão Coral?
Sim, a partir do
momento em que vamos tocar nós temo-nos dividido, e este ano de 2023 felizmente
tem-se dividido em muitos concertos para os Gift, mas nós dividimos bem o que é
o projeto coral, que é que este que geralmente é feito para teatros, ainda que nós
temos uma ideia de num futuro próximo levá-lo a monumentos e a praças
históricas de Portugal para trazer esse o Coral para fora dos teatros, mas
quando tocamos em palcos ao ar livre, aproveitamos, lá está isso que eu dizia,
a história dos Gift, das músicas mais conhecidas, um concerto mais adaptado a
multidões, e que é um concerto também que nos dá muito prazer de tocar, porque
é aí também que sentimos o pulso às pessoas e sentimos o vigor das músicas dos
Gift.
Depois deste
verão de espetáculos, o que mais podemos esperar dos Gift?
Bem, nós vamos
continuar a apresentar este disco em teatros, vamos fazer duas grandes noites
em novembro, nos Coliseus, quer de Lisboa, quer do Porto, onde nós vamos tentar
aumentar este conceito do Coral a músicas mais antigas dos Gift, ou seja,
tentar transportá-las para este universo, canções um bocadinho mais conhecidas,
e depois a nossa ideia era precisamente essa, no próximo ano fazer o Coral
histórico, aquilo que seria, transportar estas canções menos conhecidas e as
mais conhecidas para este património único que Portugal tem, e que foi,
digamos, há uns 20, 30 anos, foi aproveitado, por exemplo, com bandas como Os
Madredeus, com a Dulce Pontes, onde tocavam em cercas de castelos, em
mosteiros, em praças históricas, em templos, e é um bocado isso que eu quero
fazer com o próximo verão, sendo que, no próximo ano também, há uma efeméride
que eu gostava de celebrar com conta, peso e medida, que é os 25 anos da morte
de Amália Rodrigues e os 15 anos do álbum Amália Hoje, e eu acho que para o
ano, podemos fazer uma celebração à séria, quem sabe com músicas novas deste
projeto e com concertos novos.